sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ventosa-Terapia


Terapia Alternativa


Ventosa



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A ventosa é como um copo, normalmente esférico. Provocava-se a sucção da pele para dentro dela queimando-se o ar interno, que diminui de volume, provocando a sucção. Dispomos de outras formas de promover a sucção, como uma pinça embebida com álcool ou uma vela, e até de equipamentos que provocam a sucção por meios mecânicos.



A pressão negativa facilita a eliminação de gases e toxinas (se colocarmos água dentro de uma ventosa, veremos as pequenas bolhas subindo), mas sua principal utilidade, desde a antigüidade, é a sua atuação sobre o sistema circulatório.



O uso da ventosa praticamente caiu em desuso com o desenvolvimento da farmacologia, sendo seu uso quase que restrito aos acupunturistas, em especial sobre o meridiano da Bexiga, canal de energia que detém os pontos de Assentimento ou "descarga" de energia. De acordo com os princípios da acupuntura, a sucção facilita a eliminação de energia espúria (negativa) do canal, com ação direta sobre as vísceras e suas funções.



Até o século passado, era utilizada como panacéia. Atualmente, a ventosa deslizante vem rapidamente ganhando terreno no campo fisioterapêutico e no campo das massagens e da estética, no trato de celulite.



Existem três usos possíveis para as ventosas: a seca, a molhada e a deslizante. E dois tipos podem ser encontrados com facilidade: a de vidro (vácuo por combustão) e a acrílico (vácuo mecânico).





A ventosa seca consiste na aplicação de um conjunto de ventosas sobre a região indicada para tratar o mal que se deseja combater. Costuma deixar marcas (hematomas), que podem ser vermelhas, marrons, roxas e até pretas, o que servirá de diagnóstico da qualidade do sangue. Como esses hematomas demoram alguns dias para desmanchar, as ventosas fixas são pouco procuradas pelo nosso povo, adepto de praia.



Na ventosa molhada, escareia-se a pele imediatamente antes da aplicação dela. Seja com o uso de martelinho apropriado, de agulha especial ou de equipamento específico, a escara promove a retirada de um pouco de sangue (assim, ficará molhada). Seu uso, atualmente, é ainda mais restrito.



Convém comentar que a ventosa sempre acompanhava as sangrias porque, após estas, é necessário cauterizar, no intuito de se evitar uma infecção. Na cauterização, a irritação pode promover a saída de mais sangue ou linfa, o que facilitaria a infecção. A ventosa extrai sangue e linfa do local a cauterizar, diminuindo essa possibilidade.



A ventosa deslizante evita o hematoma ao mesmo tempo em que colhe os benefícios da técnica. Por isto tem encontrado grande utilidade entre os fisioterapeutas e massagistas. Quase não se tem registro dessa prática no passado, mas ela vem rapidamente ganhando terreno nas alternativas.



Autores não concordam entre si quanto ao assunto qual povo foi o primeiro a utilizar a ventosa. Sua prática era comum pelo povo grego no séc. IV a.C., sendo mencionada nos escritos de Hipócrates, mas têm-se registro de seu uso no antigo Egito e pelos índios americanos. Alguns autores relatam que estes utilizavam chifres de búfalos e provocavam o vácuo por sucção oral no trato de mordedura de cobra e picada de insetos e escorpiões. Há quem diga que eram utilizadas na China antiga, também de chifres de búfalos e tamponadas com cera de abelha, mas um biólogo já me corrigiu dizendo que isto seria impossível porque na China antiga não haviam búfalos, que têm os chifres ocos, e sim caprinos, todos com chifres compactos. Outra correção me foi feita quanto ao uso das ventosas em mordedura de cobra e picadas: a mordida deixa o veneno no tecido, que pegará o caminho de retorno (linfático ou venoso), e não o arterial (que jorrará no corte que supostamente seria feito para a sucção com a ventosa e extração do veneno). O Instituto Vital Brazil, famoso pela produção de soro anti-ofídico, já emitiu diversos documentos, inclusive em campanhas escolares, orientando para não utilizarmos cortes em picadas e mordeduras: iriam agravar o quadro.



Os gregos mais antigos utilizavam uma cabaça, sendo que Hipócrates já se referia a grandes ventosas de vidro. Ele descreveu vários tratamentos à base de ventosas. Galeno (médico do séc. II da era cristã) descreve o uso de ventosas de chifres, de vidro e de latão, sendo a última, a mais utilizada, mas recomendava a de vidro para que os médicos iniciantes pudessem observar a quantidade de sangue extraída. De Hipócrates até o século passado, a ventosa participa praticamente de todos os escritos médicos, ora como ferramenta de apoio à sangria (ventosa molhada), ora como opção à ela (em alguns casos, recomendava-se a ventosa seca). Há relatos de indicação das ventosas, secas ou molhadas, para praticamente todos os males, nas mais variadas partes do corpo e para quase todas as idades. As outras opções terapêuticas médicas correntes eram a sangria, a hidroterapia e as sanguessugas, sendo que estas são consideradas substitutas das ventosas molhadas. O uso desses vermes aquáticos (há várias espécies) iniciou na Grécia antiga. Acreditava-se que elas extraíam o sangue com os "humores mórbidos", promovendo a cura, sendo seu uso comum na Idade Média. Chegaram a ser criadas em fazendas especializadas. A França, por exemplo, após esgotar a produção nacional, importou 40 milhões desses vermes em 1833, que eram aplicadas por barbeiros-cirurgiões (as barbearias eram o local de venda das sanguessugas e os barbeiros recebiam uma licença especial para aplicá-las).



Para Ilkay Chirali, a ventosaterapia é utilizada na China há centenas de anos, inicialmente feita de chifre de gado (coerente, pois há centenas de anos que para lá foi enviado gado). Para Antônio Cunha, a ventosaterapia ocidental européia obteve o seu sucesso terapêutico no oriente através do Japão, há 30 anos aproximadamente... divulgada pelo Dr Kuroiwa.



Os principais usos da ventosa são:



Tensão muscular, como dores nos joelhos, nas costas etc. A ventosa promove a passagem do sangue da corrente sanguínea para a corrente periférica, na pele e, a seguir, o derrama sobre o músculo, relaxando-o. Muitas vezes, a tensão é tão grande que a massagem na área fica dificultada. A ventosa facilita o trabalho do massagista ou fisioterapêuta.

Hipertensão arterial. O hipertenso costuma ter a musculatura cervical e o trapézio muito tenso. A ventosa, aplicada na região, relaxa a musculatura ao mesmo tempo em que diminui a pressão sangüínea.

Problemas respiratórios. Nos casos de bronquite, enfisema ou mesmo de uma simples falta de ar, geralmente podemos perceber que o diafragma (músculo entre o tórax e abdômen, responsável pela utilização dos lobos inferiores do pulmão) está quase ou sem nenhum movimento. Com ele contraído, os lobos inferiores do pulmão não se movimentam como deveriam, promovendo a proliferação de vírus nos lobos inferiores do pulmão, fato responsável pelos sintomas na maioria dos problemas respiratórios. A ventosa, aplicada sobre os músculos responsáveis pela respiração, facilita-a.

Alergias e intoxicação. Talvez essa seja a melhor indicação da ventosa, apesar de esse público quase não a procurar. Com a sucção, o aumento da corrente periférica promove maior nutrição das células, desintoxicando-as. Além disso, a ventosa facilita a limpeza das glândulas sudoríporas e sebáceas, além de aumentar a drenagem linfática e a circulação venosa.

Cicatrizes cirúrgicas. A expansão da pele facilita o descolamento de neurônios aderidos.

Celulite. A pressão negativa facilita uma melhor distribuição da celulite, melhorando a aparência. Nestes casos, é necessário começar com as ventosas menores e abusar da cânfora no creme ou óleo de massagem.

Furunculose. A ventosa pode ser utilizada como coadjuvante no tratamento de pústulas e furúnculos.

Outra vantagem da ventosa, é que ela pode ser aplicada fora da região que se deseja afetar. Como a pele é considerada um órgão, relaxá-la numa área promove alterações em toda a pele, e, logo, em todo o organismo.



As ventosas também têm suas contra-indicações, como dermatites, psoríase, micoses, cortes e hematomas recentes, insuficiência cardíaca de hipertensão do fogo, quadros viróticos (em problemas pulmonares, ponderar as vantagens) e osteoporose.

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